A arquitetura dos povos originários está intrinsecamente conectada com o local e os materiais disponíveis no contexto onde está inserida. Sabedorias construtivas ancestrais garantiram a sobrevivência de tribos indígenas por muitos anos. Agora, em busca de uma relação mais equilibrada com a natureza, arquitetos buscam resgatar essas técnicas, procurando trazer novas alternativas arquitetônicas para a região.
No dia 5 de setembro é celebrado o Dia da Amazônia. A data foi escolhida pois, no mesmo dia, em 1850, o Príncipe D. Pedro II decretou a criação da Província do Amazonas, que, posteriormente, foi convertido em estado.
Para destacar a importância da floresta, selecionamos seis projetos que ressaltam tudo o que ela pode oferecer, inclusive para a arquitetura.
1. Mirante do Madadá – Marko Brajovic
Localizado nas margens do Rio Negro, o Mirante do Madadá propõe uma imersão na floresta. A arquitetura do complexo turístico é inspirada na estrutura das sementes. São formas leves, visualmente permeáveis e confortáveis, construídas para se conectar com a floresta de maneira fluida.
Todos os detalhes do projeto foram baseados em elementos naturais e culturais da região, interconectados entre si, costurando signos e significados, texturas e materiais, percepções e percursos.
2. Mirante do Gavião – Patricia O’Reilly
Com vista para o Rio Negro e o Arquipélago de Anavilhanas, o hotel Mirante do Gavião, em Novo Airão, na Amazônia, foi erguido com vários recursos da arquitetura sustentável para reduzir o impacto na floresta. O projeto é assinado por Patricia O’Reilly e usa ferramentas, materiais e tecnologias construtivas locais para se integrar à floresta.
3. Casa na Floresta – Arena Arquitetura
Esta casa está localizada em um condomínio residencial em Manaus, no bairro Tarumã, onde existem várias áreas preservadas de mata nativa, nascentes de riachos e muitos animais silvestres.
A prioridade do projeto, assinado pelo escritório Arena Arquitetura, foi aproveitar o potencial da paisagem através da preservação da floresta original, não impermeabilizando o solo, usando luz natural e ventilação para garantir o conforto térmico.
4. Biblioteca Flutuante – Marko Brajovic
Em parceria com a bióloga e biomimetista Alessandra Araújo, do Bio-inspirations, o designer Nacho Marti, co-diretor do Architectural e as comunidades locais, o Ateliê Marko Brajovic assina uma biblioteca flutuante no Lago Mamori, na Floresta Amazônica. O projeto colaborativo foi desenvolvido com o objetivo de promover a educação e a sustentabilidade na região.
Há quase duas décadas, o Atelier Marko Brajovic realiza pesquisas e experimentações em design e arquitetura na floresta. A prioridade deste projeto arquitetônico era que a estrutura fosse sinergética, para poder se adaptar às subidas e descidas do nível da água do lago, que ocorrem devido ao aquecimento global.
5. Sede do Instituto Socioambiental – Brasil Arquitetura
A implantação da Sede do Instituto Socioambiental em São Gabriel da Cachoeira – cidade de 20.000 habitantes, de maioria indígena de 30 etnias, situada à margem do Rio Negro –, foi pensada para evidenciar a possibilidade de se estabelecer uma relação mais gentil entre a ocupação humana e o meio ambiente, entre urbanidade e natureza.
O edifício se conecta com a cidade como um espaço de uso coletivo, que reverencia a paisagem natural. As dificuldades construtivas da região, devido ao seu isolamento, nortearam o projeto. O resultado foi uma arquitetura simples, sintética, com três pavimentos, construído com técnicas tradicionais de alvenaria revestida e caiada.
6. Pontes Flutuantes – Colectivo Aqua Alta
Em 2021, o rio Negro atingiu o nível de 30 m, que foi a maior enchente já registrada na história de Manaus. O fenômeno, intensificado pelas mudanças climáticas, incentivou arquitetos, designers e engenheiros a buscar soluções tecnológicas para minimizar os potenciais impactos dos desastres ambientais.
Esta ponte flutuante foi construída com resíduos do Distrito Industrial de Manaus como uma obra de arte e um manifesto.