Com uma diferença de 20 pontos percentuais para o segundo lugar, os vira-latas são a raça preferida dos brasileiros. Eles representam quase um terço dos 1,5 milhão de cães registrados pelo último Pet Censo, pesquisa anual realizada pela empresa DogHero. E ao que tudo indica, os “VLs”, SRDs (sem raça definida), caramelos, ou como você prefira chamar, estão cada vez mais mimados. O mercado de cuidados com pets não para de crescer no Brasil, nem durante a pandemia e a crise econômica, como mostra o último episódio de CAOScast veiculado aqui em TAB.
Mas não é só de biscoitinho sabor mignon, ração premium e fralda com cheirinho de lavanda que são feitos os mimos dos pets. Já tem cachorro tomando suplemento para reduzir ansiedade, gato participando de constelação familiar e, claro, inúmeros bichinhos ganhando roupas de grife para desfilar na timeline do Instagram. Letícia Naísa, repórter de TAB, conta aqui neste texto e também no episódio de CAOScast, sobre a constelação veterinária que fez junto da cadelinha Lena, vira-lata que adotou durante a pandemia. Aliás, assim como Letícia, muita gente achou uma boa ideia adotar um bichinho durante o isolamento — o que mais tarde também se traduziu em abandono recorde.
“É interessante notar que, nos cenários pandêmicos, relações ou instituições ruem, porque o mundo deixa de fazer sentido da noite para o dia. O que as pessoas mais querem às vezes é ancoragem. Não é à toa que há um boom gigantesco de venda de apartamentos e casas, porque o povo que não queria ter casa agora quer, o povo que não queria ter carro agora quer, e o povo que não queria ter pet agora quer também”, analisa o antropólogo Michel Alcoforado.
Com um novo membro da família em casa, é natural que os gastos e a atenção se voltem àquela fofura toda. Se pet é filho, você não quer reduzir a qualidade do que você oferece para ele, o que explica boa parte da resiliência do setor nesse momento de crise quase generalizada. Fora que muita gente foi atrás de um pet para se sentir menos sozinho nesse período de confinamento. “A gente teve uma equação aí que derivou uma carência e uma disponibilidade de tempo”, diz o pesquisador Tiago Faria, também no podcast.
Até mesmo a decoração da casa começa a sofrer pequenas alterações para acomodar os bichinhos com mais conforto, observa a pesquisadora Marina Roale. Há lojas de decoração que já contam com seções exclusivas de móveis pensados para os pets — de estantes para os gatos caminharem pelas paredes a cadeiras que acomodam o animalzinho sentado ao seu lado no home office.
Se tem novos comportamentos surgindo, a trupe do CAOScast tem também dicas para o mercado que não quer perder esse segmento. Investir em produtos que promovam o bem-estar do pet aliado a facilidades e comodidade para o dono é a dica de ouro dos pesquisadores.
tab.uol