“Desde que me conheço por gente, tenho depressão. Você vai aprendendo a lidar, mas é um sentimento muito solitário. Parece que os outros humanos não entendem, mas os cachorros têm uma sensibilidade muito grande e conseguem ajudar”, relata a paulistana de 34 anos, que recebeu o diagnóstico aos 8.
Maya e Prince, dois cachorros da raça chow chow, foram adotados pela paulistana, especialista em marketing de influência, em 2016. Ela vinha de uma sequência de tentativas com métodos convencionais, como a terapia com psicólogo e o uso de medicamentos psiquiátricos. A sugestão de que o cuidado com animais fosse incluído no tratamento partiu do terapeuta que a acompanha.
“Foi uma mudança grande aprender a lidar com tudo aquilo, como mãe de pet de primeira viagem. Sou filha única, moro sozinha e trabalho em home office há muitos anos. Minha mãe já faleceu e o meu pai mora longe. Era muito solitária. Estava em um momento que não conseguia sair da cama, mas a convivência com eles me obrigava”, lembra.
Ir passear, alimentar e brincar com Maya e Prince foram funções que deram um sentido à rotina de Fernanda. Após a convivência com os cachorros, ela conseguiu reduzir os remédios gradativamente até suspendê-los definitivamente no fim de 2017. Mais recentemente ela adotou Leon, Elvis e Áka, todos da mesma raça.
Fernanda Rabaglio/Imagem cedida ao Metrópoles
“Eles quebram a rotina, trazem motivações diferentes e me incentivam a praticar atividades físicas, o que é muito bom para o bem-estar. Quando estou passeando ou escovando o pelo de um dos meus cachorros, esqueço qualquer problema”, afirma a paulistana.
Fernanda conta que, por vezes, quando passa por situações difíceis, têm crises de choro. Nesses momentos, Maya é a mais sensível. A cadela se aproxima e coloca a pata na perna dela como uma expressão de solidariedade. “Se eu estiver com a cabeça baixa, ela coloca o focinho por baixo para eu levantar a cabeça. E, se alguém fala alguma coisa que pode me abalar, ela automaticamente fica na minha frente, como quem diz ‘eu estou aqui. Vou te proteger’”, conta.
Terapia assistida por animais (TAA)
A terapia assistida por animais (TAA) é um método que utiliza os pets como complemento do tratamento de transtornos mentais. Ela também é recomendada para crianças e idosos com necessidades específicas, em hospitais, abrigos, creches e asilos. Os animais mais indicados para o tratamento são os cachorros, por serem uma espécie adestrável.
O psiquiatra Fábio Aurélio Leite, do Hospital Santa Lúcia, explica que os animais domésticos ajudam a combater a falta de prazer e a solidão, que caracterizam a depressão. “Para pacientes idosos, que às vezes não têm muitas atividades ou interação com outras pessoas, o animal acaba sendo um estímulo importante para o cérebro e para o emocional por causa da ligação afetiva. A convivência com o bicho melhora o humor das pessoas”, afirma.
Fonte:Metrópoles